sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Mensagem sobre o Racismo

"Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas" (...) "Se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado"Tiago 2.1,9

Você se considera uma pessoa justa? Você se opõe à discriminação (acepção de pessoas)? É possível que a maioria das pessoas goste de pensar a respeito de si mesma como imparcial e justa. A verdade, porém, é que não somos imparciais e justos como pensamos.

Temos preferências, temos "zonas de conforto" para interagir com outras pessoas. Temos mais facilidade de ter comunhão com pessoas "do nosso próprio círculo" do que com as de fora. Mas será que isso reflete a vontade de Deus para nós? E mais ainda: como podemos reagir a essa tendência?

É óbvio que Tiago, ao escrever à Igreja na dispersão, percebe a tendência à discriminação, mesmo no meio dos cristãos. Para ele, a discriminação é um elemento impeditivo para a maturidade cristã.
No primeiro capítulo de sua carta, Tiago vinha falando sobre a "religião pura". Agora ele parece afirmar que, além de visitar os órfãos e a viúvas, e de "guardar-se incontaminado do mundo", o/a cristão/ã deveria também resistir a toda forma de discriminação ou de acepção de pessoas.

Em pleno século 21 nos deparamos com um verdadeiro genocídio de negros e pobres marginalizados pela sociedade e estigmatizados por um "poder público" que, ao invés de dar proteção, mata, estermina como nos tempos das senzalas e pós-abolição quando todo o investimento no poder bélico do Estado visava tão somente "coibir" a "vagabundagem" daqueles que eles diziam ter alforriado. Desde aquela época "os capoeiras", por exemplo, eram considerados como marginais, vagabundos e desordeiros da "ordem pública". Hoje, porém, apesar das conquistas adquiridas por esse povo sofrido, resistente e lutador que é o povo negro, a coisa ganhou uma roupagem, uma maquiagem e uma dimensão bem diferentes e maiores, embora a essência continue a mesma: DISCRIMINAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA-RACIAL!!!

Todos os dias são vistos e tratados por policiais como bandidos em potencial. Infelizmente é esse o olhar da maioria dos policiais que, ao adentrarem em nossos bairros, só conseguem ver em sua frente "suspeitos". Ou seja, "negros, mal vestidos e pobres moradores de periferia". Devemos esse estígma, também, à massificação de uma certa imprensa midiática cuja abordagem chega a ser sádica, desumana, discriminatória, sórdida mesmo, no que tange ao trato e o "modus operandis" de negros e pobres.

Mas o que vemos, a cada dia, é que ESTAMOS SEMPRE NA MIRA DE QUEM DEVERIA DAR PROTEÇÃO!

“Nosso desejo é que neste novembro negro, ecoem em todas as igrejas as boas novas: de inclusão com respeito às diferenças; de igualdade de oportunidades sem preconceito e discriminação racial; de inconformismo com o destino que se tem dado às crianças e juventude negras; e, novas de boa vontade para construção de políticas sócios educacionais inclusivas”.

Joel Ribeiro é Pr da Assembléia de Deus ministério de Tietê, Rua: Vila Nova 1279 – B.São Pedro

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

UMA IGREJA PRA MIM

Alguém me disse que encontrou em Macapá, uma pessoa que não via há tempos. Perguntou-lhe o que viera fazer na cidade, pois se mudara há tempos. A resposta foi: “Vim construir uma igreja pra mim”. A resposta a surpreendeu. A mim, não. Já notei que “igreja” se tornou uma franquia religiosa, que qualquer um pode organizar segundo padrões pessoais, sem se preocupar com conteúdo. Basta dar às pessoas o que elas querem ouvir, não fazer exigências, só promessas, e terá campo livre para manipulá-las. Ensinar a Bíblia? Firmar padrões bíblicos? Falar de disciplina? Isto afasta a clientela.

“Construir uma igreja pra mim”. Muitos pastores têm agido assim, em parte por vaidade e em parte para se livrar de oposição na administração da igreja. É um dado para pensar que as igrejas sob regime monárquico se desenvolvem mais que as igrejas com espaço democrático. Infelizmente, há muitas pessoas que buscam carreira e honraria na igreja, querendo impor visão pessoal, e se valem da democracia eclesiástica. Há pastores donos de igreja, mas há membros de igreja que se julgam seus donos. E brecam qualquer ação que lhes reduza o poder. O trabalho emperra. Uma igreja para mim.


Um pastor contou-me ter sido obstaculado pela família do ex-pastor, que domina a igreja há mais de trinta anos, até deixar o pastorado. Seu pecado foi mudar o piano de lugar. O piano fora comprado no pastorado do pastor cuja família se acha dona da igreja. A esposa do ex-pastor fora pianista por anos, com o piano naquele lugar. Mudar era blasfêmia. Outro pastor foi criticado por um crente porque a igreja cresceu. O irmão temeu perdeu o poder que sua família detinha, e disse que a igreja fora programada para ter apenas 200 membros. Quatrocentos era um absurdo. Outro líder disse que “pastor deve ficar apenas cinco anos, no máximo, na igreja, para não criar vínculos de poder”. Mas ele era líder da mesma igreja há vinte anos e criara vínculos de poder. Uma igreja para mim.

Estes casos extremos mostram um equívoco comum: a compreensão defeituosa do conceito de igreja. Ela passa a ser vista mais como instituição social e humana que como agência do reino de Deus, instituição divina. Ela não pode ser vista como espaço para suprir nossas carências emocionais, mas como espaço para serviço a Deus e aos homens. Somos, todos, chamados para sermos servos, e não senhores. “Servindo cada um aos outros”, diz Paulo. Mas muita gente a vê equivocadamente. Não como um lugar onde deve se doar e servir, e a vê como seu espaço pessoal. Recordo-me de um irmão que queria ir para a igreja que eu servia, porque a sua colocou um forro de gesso que ele achou feio. Eu lhe pedi que não viesse. Criara problema em uma e por certo criaria problema em outra. Pé de espinho não deixa de dar espinho porque mudou de canteiro. É gente que pensa que a igreja é dela. Uma igreja para mim.

Precisamos redescobrir a essência da igreja. Ela não existe em função de nós, mas nela nós existimos em função de Deus e dos outros. A vida cristã não é o EU no centro, mas ELE no centro, e na periferia o OUTRO. Vida cristã consiste em ser servo, não em ser senhor. Muitos têm privatizado os conceitos de igreja e de vida cristã, vendo-as como algo que podem usar para gratificação pessoal ou para serviço a elas. A visão egoísta de que o mundo deve se curvar diante de si, típica do homem pecador impenitente, que não pode ser contestado e sim servido, parece estar em nosso meio. Mas igreja não é espaço de satisfação pessoal e sim de engajamento no propósito eterno de Deus. Ela precisa de servos, e não de donos. De servos, não de manipuladores.

Não construímos uma igreja para nós. Nós devemos fazê-la, cada dia, para o Senhor Jesus. Ela é dele. Ele não disse “Edificarei uma igreja para vocês”, mas “Edificarei a minha igreja”. Não nos saia isto da mente. Fazemos algo para Deus, o que demanda seriedade, amor à obra e respeito aos demais construtores que trabalham conosco fazendo uma igreja para Jesus. Quanto mais domínio humano houver em uma igreja, menos domínio divino haverá. Quanto mais submissão de todos ao Senhor, menor será o domínio humano. Façamos uma igreja para Jesus.

Joel Ribeiro
AD Tiete.